Felipe Lima, aluno de Engenharia Química, compartilha experiência de estudar pela segunda vez no exterior

Em seu segundo intercâmbio, o Felipe Lima (Engenharia Química)  é o primeiro aluno da Ufam selecionado pelo Programa "Bolsa de Excelência Eiffel". Ele que já fala inglês, japonês e espanhol, agora aperfeiçoa o francês, estuda bastante e aproveita pra imergir na cultura europeia. Vem se inspirar nesta história.

Proeg - Felipe da última vez que conversamos você havia sido selecionado para a bolsa Eiffel, e estava se preparando para ingressar como aluno de mestrado da Universidade École Nationale Supérieure de Chimie de Lille (ENSCL), então há quanto tempo você já está na França e como são suas atividades acadêmica na École?

Lima - Esse programa é um tanto confuso para nosso sistema educacional, na França a graduação (licence) consiste de 3 anos e o mestrado (master) consiste de mais 2 anos. Na instituição na qual estou fazendo meus estudos, ainda é um pouco mais complicado. Trata-se de uma escola de engenheiro (école d’ingénieur) e consiste em 5 anos (3 anos correspondentes à graduação e 2 ao mestrado) ao final, você é diplomado engenheiro (diplôme d’ingénieur), o que equivale a um diploma de mestrado aqui na França. Dessa forma, para obtenção de um verdadeiro diploma de mestrado, ou seja, reconhecido no Brasil, estou, em paralelo, cursando mestrado acadêmico. Quanto às minhas atividades acadêmicas, estou há um ano tendo maratona de matérias avançadas em vários quesitos da Engenharia Química, são assuntos que pela complexidade jamais teria durante minha formação no Brasil, além disso, estou atualmente fazendo estágio em pesquisa exatamente na área (transformação de biomassa) que eu visava estudar quando da decisão de vir para França.

Proeg - Explica um pouco essa história de fazer mestrado antes de concluir graduação na Ufam, você vai requerer dupla diplomação?

Lima - Então, para o sistema educacional francês, eu estou fazendo um mestrado (tanto que a bolsa é de mestrado), soa um pouco confuso, eu sei, mas para o sistema educacional brasileiro eu estou fazendo graduação sob uma dupla diplomação (a graduação de 5 anos no Brasil já equivale a um mestrado na França, ou seja, já pode entrar direto no doutorado aqui). Após o período aqui e após terminar na Ufam, tenho direito à dupla diplomação pelas duas instituições.

Proeg - Como você está se mantendo na França, surgiu alguma oportunidade trabalho?

Lima - Quanto à manutenção, estou me mantendo com a bolsa de estudos ((Bolsa de Excelência Eiffel) e com o auxílio moradia do governo francês (CAF – caisse d’allocations familiale), isso tem dado pra eu viver aqui na França, além disso em face da intensa rotina de estudos não dá pra pensar em trabalhar.

Proeg – Estar na França significa poder conhecer toda a europa, fale um pouco dessa experiência?

Lima - Com muita organização e economias eu pude conhecer diversos lugares na Europa, como Áustria, Hungria, Rússia, Espanha, Reino Unido, dentre outros países. Mas, em vista da facilidade de locomoção, eu decidi ir até a África onde pude conhecer o deserto do Saara, e ao Marrocos. Todos esses lugares me trouxeram outra visão de mundo, uma visão mais sensível, também me fizeram sentir muito mais empatia para com o próximo. Estar tão perto de onde muitos fatos históricos aconteceram como por exemplo, a Revolução Francesa, em Paris, a Revolução Russa, em Moscou, a Revolução Ucraniana, em Kiev, mas também visitar lugares icônicos, como vários cenários de Harry Potter, a torre Eiffel, castelos e o teatro em Viena, além de poder interagir com pessoas desses lugares, tudo isso me fez e faz ainda ter outra visão, e entender como muitas coisas aconteceram e seguem acontecendo, não somente aqui na Europa, mas também no próprio Brasil.  

Proeg – Essa nova percepção de mundo também te fez perceber o Brasil de forma diferente?

Lima - Como falei visitar diversos locais onde muitas coisas importantes e marcantes para a história da humanidade aconteceram, mudaram minha maneira de pensar e de ver o mundo. Vivenciar a realidade do cotidiano de pessoas e conhecer “in loco” questões políticas tais como na Ucrânia, Hungria, Marrocos, causa um certo impacto, impossível não refletir e ver que apesar de todas as dificuldades que vivemos no Brasil, ainda assim nosso país é um lugar incrível de se viver.

Proeg - Como esta experiência de um segundo intercâmbio alterou o curso dos teus planos para tua carreira profissional?

Lima - Na realidade eu não esperava por isso, tanto que eu estava estagiando e só pensava em me formar na Ufam, quando recebi a notícia que fora aprovado para esse programa, segui em frente, por enquanto estou muito focado na minha formação acadêmica por que acredito ser um diferencial em minha carreira profissional.

Proeg - Apesar da desativação do Programa CsF, que incentivo você daria aos alunos pra investirem neste tipo de experiência intercultural?

Lima - Infelizmente com o término do CsF as oportunidades de estudo no exterior ficaram um pouco reduzidas, mas vale a pena lembrar que existem diversos programas de governos estrangeiros como o francês (Eiffel), o alemão (DAAD), o japonês (MEXT), o coreano, além de outras iniciativas como o Programa Fulbright, nos Estados Unidos, e programas de várias instituições. O negócio é ficar atento e correr atrás das oportunidades, pois como você disse é um investimento que no mínimo, de acrescenta uma nova língua.

Proeg – E nós, quando te vemos de volta na Ufam? e quais disciplinas ainda deves fazer para concluir o curso? 

Lima - Minha volta para Ufam está prevista para o 2020/2 ou 2021/1 dependendo de como for o desenrolar dos próximos semestres por aqui. Quanto às matérias, terei que fazer apenas duas matérias para concluir o meu curso.

Proeg – Ok, a Ufam te aguarda, muito obrigada pela entrevista

Lima – Eu é que agradeço a oportunidade de compartilhar minha experiência.

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